segunda-feira, 25 de março de 2013

“O baú de histórias”


DO OBJETO À OBRA DE ARTE (DESENHO)

“[...] Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença [...]” Otto Lara Resende clique aqui e veja o vídeo "Ver vendo"

A ARTE É O CAMINHO PARA EDUCAR O OLHAR E DIMINUIR A INDIFERENÇA!

DO OBJETO À OBRA DE ARTE (DESENHO)

A proposta de atividade voltada para a sequência, “O baú de histórias”, será dividida em dois momentos, um para o desenho e outro para produções tridimensionais. Dessa forma, para hoje estamos apresentado a seguinte dica:

  • Organize uma exposição com os objetos trazidos pelas crianças;
  • Permita que elas apreciem (observem as cores, texturas, formas e tamanhos)
  • Sugira que a criança faça um desenho de observação a partir do objeto que ela trouxe ou se desejar poderá desenhar outro que esteja exposto. Para isso, sugerimos que sejam disponibilizados diferentes materiais e suportes como: giz de cera, lápis de cor, canetinha, carvão, pincéis, tintas, entre outros. E, como suporte disponibilize chamex, papel cartão, lixas, cartolinas, camurça, entre outros. clique aqui para ver a atividade.
  • Por último, realize uma exposição no interior da sala de aula com os desenhos realizados pelas crianças.
Fundamentos teóricos da atividade:

Passaremos agora a refletir sobre porque e para que propormos atividades de observação e apreciação na Educação Infantil e apresentaremos algumas considerações acerca do desenho infantil.

1º) Apreciação e observação: Conforme já vimos no início dessa postagem, a arte é o caminho para educar o olhar e, com isso diminuir a indiferença em relação ao mundo que nos rodeia. Defendemos que por meio da arte é possível desenvolver a capacidade criadora da criança, sua sensibilidade e a apropriação de valores estéticos. Dessa forma, quando promovemos atividades como a exposição de objetos ou brinquedos preferidos, estamos possibilitando a vivência de experiências de apreciação do que há de belo na natureza e também nas produções humanas, pois a

“[...] Nossa responsabilidade neste processo de ‘ajudar a olhar' é grande. Ajudar a ver, ouvir, mexer, sentir; o que não é o mesmo de ver pelo outro, ouvir pelo outro, sentir pelo outro” (PROINFANTIL, Mód. IV – Unid. 5, Vol 2, 2006, p. 23).

Por meio de experiências de ensino-aprendizagem como essa sugerida no CRINFANCIA, hoje, a qual prioriza a apreciação é possível:

· Reconhecer semelhanças e diferenças no mundo.
· Pensar de forma criativa, desenvolvendo suas habilidades em desenho, pintura e escultura.
· Reinventar o mundo em seus próprios termos, mediante a expressão artística.

2º) Considerações acerca do desenho infantil: Para iniciar consideramos importante apresentar a concepção de dois artistas famosos Edigar Degas (1834-1917) e Henri Matisse (1869-1954) sobre o que venha ser o ato de desenhar. Para Degas “o desenho não é a forma, é a maneira de ver a forma” e, ainda o escritor Paul Valéry, completa que para Degas desenhar é “agir sobre a coisa vista para transformá-la em coisa vivida, em ação de alguém” (Paulino, 2012, p. 28). Já Matisse, escrevia que “[...] essa forma de expressão ‘não depende das formas copiadas com exatidão a partir da natureza nem da reunião dos detalhes exatos pacientemente agrupados, e sim do sentimento profundo do artista perante os objetos que escolheu, sobre os quais sua atenção se deteve e cujo espírito lhe cabe entender” (2012, p. 28).

No ensaio “Imaginação e criação na infância” de Lev S. Vigotiski, comentado por Ana Luiza Smolka, encontramos também importantes considerações acerca do ato de desenhar, as quais descrevemos abaixo:

· No desenvolvimento da criação artística infantil, inclusive a plástica, é preciso seguir o princípio da liberdade, que é a condição imprescindível de qualquer criação (2009, p.117).
·Apesar da dica de atividade sugerida estar voltada primeiramente para a apreciação e observação, é necessário entender que a crianças desenham de memória e não de observação, ou seja, “[...] ela desenha o que sabe sobre a coisa; o que lhe parece mais essencial na coisa, e não aquilo que vê ou que imagina sobre a coisa [...]” (2009, p. 107).
·   A criança é bem mais simbolista do que naturalista, dessa forma, ao desenhar ela não se preocupa nem um pouco com a semelhança completa e exata e deseja apenas indicações superficiais (2009, p. 108).


 http://www.educacaoinfantil.pro.br/arte-crianca.html
COLEÇÃO PROINFANTIL, COLEÇÃO PROINFANTIL, Módulo IV, Unidade 4, Volume 2,    MEC, 2006.
REVISTA CARTA FUNDAMENTAL, São Paulo, edição nº 37, 2012.
VIGOTSKI, LEV S. Imaginação e criação na infância, São Paulo: Ática, 2009


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