Durante
os meses de fevereiro e março, muitos de vocês, professores que atuam na
Educação Infantil estão vivenciando juntamente com as crianças um momento
delicado de transição da família para a escola ou de um grupo para o outro, ou
seja, o momento de inserção da criança em um novo contexto. O modo como você acolhe a criança e propõe as
atividades nessa fase inicial pode fazer toda a diferença para o trabalho
pedagógico a ser desenvolvido no decorrer do ano, por isso, nós do CRINFANCIA
nos propomos a discutir sobre esse processo de transição
e inserção, propondo dicas pedagógicas importantes que lhes permitirão conhecer
melhor sua criança e a partir disso elaborar seu planejamento anual.
Mediante
as propostas de atividades que apresentamos aqui, pretendemos investir na
ideia de acolhimento, porque entendemos que nesse processo tanto a criança como
o adulto estão se conhecendo, para isso é necessário que haja a construção de
vínculos afetivos de tal modo que permita despertar na criança o desejo de
participar das experiências de ensino-aprendizagem propostas nesse novo
contexto, assim como, ela sente-se a vontade ao explorar seu espaço familiar. E,
dessa forma, romper com a ideia de adaptação, porque nesse processo o que vale
é o indivíduo encaixar-se ou enquadrar-se ao modelo de sociedade capitalista
vigente.
Para
começar a estabelecer vínculos afetivos com a criança é interessante que você
proporcione uma atmosfera familiar a sua sala de aula. Como fazer isso?
1) Solicite que as crianças tragam fotos nas quais
apareçam seus familiares, retratando algum passeio ou festa ou ainda a sua
relação com animais de estimação.
Como explorar esses materiais?
o Para os bebês que ainda não andam uma
sugestão é fixar as fotos no chão do ambiente no qual circulam. Antes de expor
e explorar as fotos é preciso conversar com os familiares sobre o conteúdo das
imagens, como por exemplo, o nome de quem aparece na foto, onde ela foi tirada
e o que estava acontecendo.
Enquanto eles estiverem engatinhando
converse com eles sobre o que estão vendo nas cenas, tente estimulá-los a balbuciar
palavras ou frases que remetam ao que está sendo observado. Também não se
esqueça de observar as reações dos bebês enquanto olham as fotos, para isso
providencie um caderno de anotações para registrar se:
- houve manifestações de saudade, como por
exemplo, choro,
- de alegria, como por exemplo, sorrisos e
palmas,
- tentativas de balbuciar o que está sendo
visto nas fotos.
Enfim, você poderá fazer os registros que
considerar relevantes, para melhor conhecer os bebês bem como acompanhar o seu
processo de aprendizagem.
o
Para crianças maiores, entre 2 e 3 anos, é possível organizar juntamente com elas um mural de fotos à sua
altura, para que elas apontem e relatem o que estão vendo ou vivenciaram. Essa
exploração poderá acontecer de forma direcionada por você, ou nos momentos de
atividades de livre escolha. Quando for direcionada, você poderá conversar com
elas sobre: o nome de quem aparece nas fotos, o local e o acontecimento.
Assim como, o sugerido para os bebês, nessa
faixa-etária você poderá continuar adotando o caderno de registros no qual você
registrará se:
- a criança organiza o pensamento para
relatar os fatos observados,
- fala palavra soltas,
- e demonstra interesse pelo relato das
outras crianças.
Para as crianças de 4 e 5 anos, sugerimos que
seja confeccionado com elas uma “caixa surpresa” , ao guardar as fotos na caixa
elas poderão relatar o que desejarem sobre o que observam nas imagens, durante
os relatos você poderá observar e registrar como elas organizam e expressam
suas ideias. Em outro momento, você poderá organizar um mural com as fotos e em
seguida permitirá que elas apreciem as fotos expostas. Após a apreciação, as
crianças poderão fazer uma releitura de sua foto, para isso clique aqui
Agora, após essas primeiras dicas que
deixamos aqui, convido vocês a refletirem sobre:
Por que propor essas atividades a partir de
fotos do contexto familiar?
Ø
Porque,
essas experiências de ensino-aprendizagem podem representar para a criança uma
forma de sentir-se próxima a família e com isso sentir-se segura. E, para você,
pode ser uma maneira de conhecer melhor a criança e a sua família: saber como
se constitui as famílias de seu grupo, as experiências culturais vividas, que
conteúdos já conhecem e também o que lhes agrada ou desagrada.
Quais as contribuições dessas experiências
para o desenvolvimento da criança?
Ø
Por
meio dessas sugestões de atividade, é possível contribuir no desenvolvimento de
sua linguagem oral, na apreciação de imagens, na socialização e, sobretudo em
seu processo de inserção nesse novo contexto social.
É
isso aí pessoal, esperamos que essas primeiras dicas possam contribuir para o
planejamento de atividades que de fato possibilitem a formação de vínculos
afetivos sólidos entre você, seus alunos e seus familiares. Após aplicação de
algumas dessas dicas, esperamos que utilizem o espaço de comentários para
relatar como aproveitou as sugestões dadas e a repercussão desse trabalho no
processo de acolhimento e inserção da criança no contexto escolar.
2 comentários:
Achei muito interessante a proposta e a iniciativa de vcs. Irei colocar em prática as sugestões e depois relato os resultados.
É isso mesmo Bruna, é muito importante para nós o relato de vcs, para sabermos o quanto tem contribuído e para ajuda vcs em suas dúvidas. Aproveite esse espaço é de vcs, professores da Educação Infantil!
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