NA
RODA DE CONVERSA, SUGERIMOS QUE SEJAM FEITOS QUESTIONAMENTOS A RESPEITO DO QUE
DIZ A MÚSICA, TENTANDO FAZÊ-LAS PERCEBER O QUE A CRIANÇA DA MÚSICA NÃO SABE E
DEPOIS APRENDE. NESSE MOMENTO INCENTIVE-AS A DIZER O QUE JÁ SABEM FAZER
SOZINHAS E O QUE AINDA PRECISAM DE AJUDA.
Para refletir: A roda de conversa é uma atividade bastante
recorrente na rotina da Educação Infantil, segundo Costa (2007, p. 5) passou a
ser incorporada às práticas da Educação Infantil mediante a defesa da livre
expressão da criança pré-escolar, sendo Freinet o precursor dessa prática nessa
etapa de ensino. Dessa forma, a RODA DE CONVERSA é um dos instrumentos da Pedagogia de Freinet que visa a livre expressão e, na
dinâmica educativa, é, também, “[...] um momento importante para o grupo se
conhecer e se organizar. [...] é um momento privilegiado no atendimento à
necessidade de exprimir sentimentos e idéias e comunicar-se com os outros”
(FERREIRA, apud, Costa, 2007, p. 5).
Contudo, assim como, Costa (2007, p. 5) entendemos
que a roda de conversa não é apenas um instrumento pedagógico, mas sim tempos
e espaços interlocutivos que acontece por meio da conversação. Para Marcuschi
(2006, p. 14), “[...] a conversação é a primeira das formas de linguagem a que
estamos expostos e provavelmente a única da qual nunca abdicamos pela vida
afora. [...] é o gênero básico da interação humana”. Assim, utilizamos o gênero
conversação na maior parte das atividades que realizamos durante a vida: no
trabalho, na escola, nas ruas, na família, ou seja, nas atividades humanas de
forma geral. Marcuschi (2006) apresenta, ainda, algumas características da
conversação que são: a conversação é um espaço privilegiado para a construção
de identidades sociais; a conversação exige uma enorme coordenação de ações que
exorbitam, em muito, as simples habilidades lingüísticas dos falantes; a
conversação não é fenômeno anárquico e aleatório, mas altamente organizado e
possível de ser estudado com rigor científico.
ATIVIDADE DE REGISTRO - APÓS A RODA DE CONVERSA SUGIRA QUE AS CRIANÇAS REALIZEM ESTA ATIVIDADE clique aqui
Para começarmos nossa reflexão a respeito dessa atividade de desenho, trouxemos uma epígrafe do livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry:
Certa
vez, quando tinha seis anos, vi um livro sobre a Floresta virgem [...] uma
imponente gravura. Representava ela uma jiboia que engolia uma fera: Dizia o
livro: ‘As jibóias engolem, sem mastigar, a presa inteira. Em seguida não podem
mover-se e dormem seis meses da digestão’. Refleti então sobre as aventuras na
selva, e fiz, com meu lápis de cor, meu primeiro desenho [...] Mostrei às
pessoas grandes e perguntei se meu desenho lhes fazia medo. Responderam-me: ‘
Por que um chapéu faria medo?’ Meu desenho não representava um chapéu. Representava
uma jibóia digerindo um elefante. Desenhei então, o interior da jibóia, a fim
de que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre a necessidade
de explicações [...] (1990, p. 9-10)
Mediante
a epígrafe acima é possível perceber que a lógica da criança não é a mesma que
a nossa de adultos, porque conforme explica Leite (2004, p. 64) “[...] o
desenho não é necessariamente, retrato direto/devolução do visto/vivido [...]”
Muito
embora reconheçamos que a atividade de desenho sugerida nessa sequência
direciona a uma representação a ser feita, isso não quer dizer que a criança
terá por obrigação representar a realidade tal qual uma fotografia. Precisamos
ter claro que representar não é o mesmo que reproduzir, copiar ou fotografar.
A
criança quando desenha “[...] está mais ligada ao processo que ao produto. Seu
desenho é pleno de transitoriedade, movimento, idas e vindas, como a tessitura
de uma narrativa, no caso, visual [...]” (Leite, 2004, p. 66). Dessa forma é
preciso ter claro que, os desenhos são dotados de uma dimensão estética e
poética, ou seja, “[...] não são como signos simbólicos e convencionais a serem
decodificados e lidos [...]” (2004, p. 63).
Para
compreender o desenho infantil é necessário observar as crianças enquanto
desenham, porque nesses momentos, elas se mexem, falam, gesticulam, cantam, locomovem-se,
colorem e rabiscam. E, tudo isso “[...]
entra na composição dos significados primários, secundários e nos conteúdos de
seus desenhos [...]”, (Leite 2004, p. 73).
Nesse
sentido, é necessário repensar a prática de o adulto nomear por escrito o
desenho produzido pela criança, pois, assim como, Leite (2004, p. 74)
entendemos que “[...] nenhum de nós teria o direito de interferir na produção
pessoal de meninos e meninas, descrevendo, nomeando ou datando. Qualquer
interferência se desejada pelas crianças ou se necessária, poderia ser mais
respeitosamente feita no verso das folhas, quem sabe? [...]”
Fontes:
COSTA, Dania Monteiro Vieira. O trabalho com a linguagem oral na educação infantil em uma instituição
de Educação Infantil. 2007. 234 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo,
Vitória, 2006.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 2006.
LEITE, Maria Isabel. A criança desenha ou o desenho
criança? A ressignificação da expressão plástica de crianças e a discussão
crítica do papel da escrita em seus desenhos. In: OSTETTO, Luciana Esmeralda; LETE,
Maria Isabel. Arte, Infância e Formação
de Professores – Autoria e Transgressão. Campinas –SP: Papirus, 2004.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O Pequeno Príncipe, Petrópolis-RJ: AGIR S. A, 1990
2 comentários:
O Seu blog é maravilhoso! Parabéns!!!
Obrigada,a participação do público que nos acompanham é muito importante para que o nosso blog continue contribuindo para a prática dos professores da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.
Abraços;
Equipe Crinfancia
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